Pifercussão... dá pra imaginar que em plena capital paraibana há um projeto que ensine pessoas – independente das situações cotidianas que vivam – adentrar no universo de Bandas de Pífano (tão comuns em regiões agrícolas dos interiores do Nordeste) e sua extraordinária natureza de identidade cultural? Pois é... nunca imaginei isso... talvez pela minha desinformação a alguns movimentos culturais dessa mini-metrópole.
Depois de algumas outras situações um tanto curiosas, decidi que me interessaria mais pelo pífano. Bem, tive a sorte de ter um amigo que conhecia o projeto, e que me esclareceu algumas dúvidas quanto ao mesmo... depois de escutar que o projeto era gratuito, fiquei com uma vaga impressão de “é... mas ainda prefiro pagar... quando a esmola é pouca o santo desconfia”. Essa é a impressão que acredito as pessoas terem ao escutarem tal afirmativa de gratuidade por um serviço (aula) que geralmente é pago.
[No entanto, é um grande equívoco!]
Bem, fiquei meio desconfiado, mas acredito que o tédio das férias da universidade me ajudou a ir à busca do projeto. Para minha surpresa, fui muito bem recepcionado, tendo inclusive, sido atentado a tirar alguns sons do instrumento que eu nem sabia pra onde ia! E acho que essa é a grande sacada do projeto: trazer junto ao recém-chegado a sensação de desafio ao tocar um instrumento simples, mas que logo em seguida, te faz vê certa complexidade que se imbui em sua postura de tocar, nas notas executadas e na tonalidade executante.
[Depois disso, minha visão mudou... e como mudou!
E o que dizer da transformação sócio-cultural que tal projeto está proposto a realizar? Sim. Essa é uma questão pertinente, passível de análises mais profundas. No entanto, deixo minha impressão: sem pieguice, o impacto de tal perspectiva na vida de pessoas em situação de risco social pode ser crucial ao desenvolvimento de uma consciência mais firme quanto ao papel de cada um na sociedade. Falo de papel, porque a falta de perspectiva entre pessoas nessa situação é extremamente acentuada – principalmente os jovens –, dificultando a luz de uma vida de trabalho e conquistas. E isso, o Pifercussão incita, que “sem esforço, não há recompensa”.
Dacles Silva
Estudante de Arquivologia-UEPB e freqüentador das aulas do Pifercussão